quinta-feira, janeiro 27

A Dama da Ciência

Subiu ao palco do Nobel para receber o seu prémio Nobel da Química em 1911.
Já em 1903 tinha sido premiada na companhia do marido.
Na plateia assistia a sua filha, que 24 anos mais tarde, receberia também ela o premio Nobel.
Aos 43 anos este prémio foi uma lufada de ar fresco na sua complicada vida.

Marie Curie, viúva de Pierre Curie, vivia um romance com Paul Langiven, seu colega, 5 anos mais novo e casado.
A imprensa e a moral vigente não lhe perdoam a “afronta”. Apedrejavam-lhe as janelas de casa, a Sorbonne tentou forçá-la a ir para a Polónia e a Academia de Ciências de Paris recusa a sua admissão.
A Academia de Ciências Portuguesa elegeu-a como seu membro “correspondente estrangeiro”.

Marya Sklodowska Curie nasceu em Varsóvia a 27 de Novembro de 1867.
Sempre foi uma mulher sobredotada. Na escola era a melhor aluna.
Aos 15 anos entrou em depressão. Pouco depois morre-lhe a irmã mais velha, com 14 anos, com tifo e depois a mãe com tuberculose.
Com 17 anos emprega-se para pagar os estudos da irmã Bronya então com 20 anos.
A 3 de Novembro de 1891 entra na Sorbonne para fazer uma licenciatura em ciências. 15 anos mais tarde foi a primeira mulher a ser admitida como professora na mesma instituição.
Passou fome e frio, alimentava-se de chá e pão, chegando mesmo a desmaiar.
Concluída a licenciatura, tira num ano a de matemática.

Em 1894 conhece Pierre. Casa com ele em 1896. Um ano depois nasce a sua primeira filha Irene, que viria a casar com Jean Joliot com quem partilhou o prémio Nobel em 1935, e que se tornaria a primeira mulher membro do governo francês em 1936.

Começou então a trabalhar com a radiação de urânio. Em 1898 já tinha, em conjunto com o marido Pierre, conseguido isolar a substância radioactiva. Dessa substância nasceram dois novos elementos, o Polónio em homenagem á sua terra natal, e o mais cientificamente relevante, o Rádio.
Os Curie começam a sentir-se cansados, com as cabeças dos dedos a gretarem-se e com dores.
E tinham a adversidade de quase todo o meio científico.

A 28 de Março de 1902 escreve no caderno Ra=225,93, o peso de um átomo de Rádio.
Conseguira.
Recusou a patente para a técnica de extracção e purificação do Rádio, alegando que pertencia a todos o que o quisessem usar. Recusou a fortuna da sua descoberta.
A 25 de Junho de 1903 apresenta a sua tese na Sorbonne, era o primeiro doutoramento feminino.
A 10 de Dezembro os Curie recebem ex-aequo com Henri Becouerel o prémio Nobel.

Em 1904 engravida e nasce Eve Denise.
Pierre morre atropelado em Paris a 19 de Abril de 1906.

Depois do segundo Nobel, Marie fechou-se em casa doente.
Na primeira guerra mundial, Marie doou o resto do seu prémio Nobel à França, e organizou um serviço público de aparelhos de raio-X móveis, que beneficiou um milhão de soldados feridos.
Em 1921 visita os Estados Unidos, estava quase cega.
Em 1934 descobre a radioactividade artificial.

Morreu a 5 de Julho de 1934.
Já não viu a sua filha e genro receber o prémio Nobel em 1935.

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