sexta-feira, abril 15

Eu não sou homem que recuse elogios. Amo-os, eles fazem bem à alma e até ao corpo. Não os que me fazem, mas os que faço aos outros, e só os dou a quem acho que mereçe.
Essa coisa do “está morto, podemos elogiá-lo á vontade” não me serve. Lágrimas não são argumentos.

A mentira é muita vez tão involuntária como a respiração. Nunca ninguém pode dizer que nunca mentiu, nem que disse aos seus filhos que o Pai Natal existia.
A vida é cheia de obrigações que a gente cumpre por mais vontade que tenha de as infringir, e muitas vezes temos de mentir, mentir para nossa protecção, mentir para proteger os que amamos, aqueles que nos amam para os não desassosegar.
Importuna coisa é a felicidade alheia quando somos vítima de algum infortúnio. O coração é a região do inesperado, e não escapa ao naufrágio das ilusões…
Temos de tentar saborear a vida, que  a pior filosofia é a do choramingas que se deita à margem do rio para o fim de lastimar o curso incessante das águas. O ofício delas é não parar nunca. Temos de nos acomodar com as leis impostas pelo universo, e tratar de aproveitá-las. E não digo que é fácil.

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