Neste momento sinto um grande orgulho e respeito pelo povo
brasileiro, e pelas suas demonstrações de civismo.
Ingénuos são aqueles que pensam que com demonstrações “pacíficas”,
ou com o alheamento do seu papel cívico, como votar nas eleições ou participar
na gestão democrática, vão resolver os seus problemas.
Os ricos, poderosos e a classe politica, apoiada e protegida
pelo poder militar e policial, não vão resolver os problemas dos pobres, com a bênção
das igrejas/religiões. É o povo, o pobre, ou seja a maioria, que tem de tomar
as rédeas do jogo. Para eles nós somos carne para picar, força de trabalho para
explorar, e mandar para o lixo quando não necessitam de nós.
Quem me conhece sabe que sou um tipo afável e assertivo, mas
não posso ficar indiferente ao sofrimento dos outros. Não me peçam para ser pacífico,
ou para condenar a violência, quando se lida com pessoas que não respeitam a dignidade
dos outros.
A polícia e o exército protegem-nos como se eles próprios fossem
uma classe privilegiada, e só se viram contra o poder quando são atingidos nas
suas benesses e revindicações. A história prova isso, basta-nos lembrar do 25
de Abril ou da famosa manifestação dos “secos e molhados” em plena “era Cavaco”.
E depois temos os “iluminados” do costume que dão bitaites pelo
que ouvem, geralmente descontextualizado, na rua, pelos outros broncos ou na
TV, entalados entre um Big Brother e um jogo de futebol, num chorrilho de
alarvidades por aquelas bocas fora. Criticam e julgam tudo e todos pelas suas
cabecinhas podres de ideias e inteligência.
Se os portugueses já tivessem feito o que os nossos irmãos
brasileiros estão a fazer agora, talvez os nossos governos desde Cavaco,
Guterres, Barroso, Santana, Sócrates e Passos/Portas tivessem tido mais juízo e
medo. Porque é preciso incutir-lhes medo, pois eles é isso que fazem ao povo,
provocar-lhes medo.
E a igreja católica sempre conivente com esta situação de
exploração…