segunda-feira, maio 2

Ontem foi o Dia da Mãe


Para aqueles que tem mãe, é um dia especial, e assim o deve ser.
Mas existem os outros, os que não as têm, e os que as tendo não as têm também.


Vou vos dizer o que me recordo da minha mãe.
Porrada até mais não, torturas desde bater-nos com um pau com um prego na ponta (que servia para puxar as cordas da roupa) até amarrar-nos com arame ás cadeiras, cabeça partida (uma vez com um chinelo arremessado da outra ponta da sala de jantar, tendo ido para as urgências do Hospital de São José), insultos desde que era responsável pelo fracasso do casamento dela com meu pai, explorado comecei a trabalhar desde miúdo (até fui obrigado a ir apanhar papel na rua se queria comer).
Nunca me deu carinho, nem amor, nem me incentivou a nada, nunca recebi um elogio (bem pelo contrário).
Por causa de tudo isto mijei na cama até aos 11 anos de idade, razão para mais porrada e humilhações.


Quando assumi, aos 18 anos, a minha homossexualidade, fui posto fora de casa e escorraçado da família (por ela e pelo meu único irmão, pois o meu pai estava ausente, não que fizesse diferença pois ele sempre "fechou os olhos ás atitudes da minha mãe"), deserdado e foram logo espalhar a noticia para o resto da família, para se distanciarem e dizerem que não eram como eu, que não tinham a minha "doença".
Quando cheguei a casa do trabalho, que nunca via o ordenado pois ela ficava com tudo e eu nem para um bolo tinha dinheiro, estudava á noite e muitas vezes chegava a casa para jantar rápido e ir para a escola e nem jantar ela fazia, tive as coisas que eles decidiram empacotar todas na escada, e já nem me foi permitido entrar em casa com o argumento de que "já não fazia parte da família, e que o meu lugar tinha sido ocupado pelo meu irmão".


Entretanto fiz o meu serviço militar (a única pessoa no meu juramento de bandeira foi o meu ex), ainda andaram a dizer que me tinham ajudado durante o tempo em que estive na tropa, nunca me ajudaram em nada, o meu pai morre. A minha mãe nem queria que eu soubesse da sua morte, mas lá fui porque achei que com a morte de meu pai, ela precisava de apoio e cedi.
Foram 11 anos de mentiras, traições, humilhações.
Um dia fartei-me, desliguei o telefone, e disse para mim: ACABOU
Faz 11 anos que os matei, no meu coração morreram, não tenho mãe, também nunca a tive na realidade.


Tive outras que me ensinaram a ser a pessoa que sou hoje, que os meus amigos sabem que sou, aliás eles são o meu melhor curriculum, e são a minha família, que eu amo com todas as forças do meu corpo.
Eles podem dizer-vos a pessoa que sou.


Posso ás vezes não ter razão, mas sou sempre sincero...


Quanto ao dia da mãe, sempre fui órfão, tanto de dela como do meu pai ausente... 

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