O mundo não anda mal
Anda é em más companhias.
Participei ontem na contra-vigilia á vigília da senhora dona
Isilda Pegado e enraivecidos acólitos, a favor das famílias tradicionais, e
contra os gays, esses depravados e comedores de criancinhas.
Não me espantou as presenças, mas as ausências.
Eu sei que é mais fácil andarem no social, nas cadeiras do
poder ou na comunicação social, a dizerem que andam a defender os direitos dos
outros, quando há alguns que depois fazem o “trabalho braçal”, aquele que suja
e dói, e que nunca são homenageados e são sempre dispensáveis (já perdi a inocência
há muito, graças a muito sacana), e não me digam que fazerem uma festinha em
que tens de levar a comidinha e pagas as bebidas do bar, o que dá lucro a quem
organiza, é consolação (sorry, eu avisei que tenho mau feitio…)
Quando me vierem falar na defesa dos direitos da comunidade
LGBT, tenham cuidado com o que me vão dizer, pois eu tenho a resposta na ponta
da língua.
Mas realmente estranhei e não compreendo a ausência de
muitos…
De resto as criaturas estavam “bem” acompanhadas pelos energúmenos
do PRD, e os seus capangas, que se entreteram a provocar-nos com insultos,
tolerados pela policia, que parecia estar mais preocupada conosco do que com
eles, (compreendo, éramos mais giros).
Tudo serviu, imagens sacras, cartazes colocados nas
escadarias (a que não tivemos acesso), símbolos nazis e fascistas, cartazes “ não
matem a família normal” e “as crianças não são acessórios de moda”, gestos obscenos,
insultos, rezas, e até discursos de criancinhas (que segundo um amigo meu me
informou hoje, é proibido por lei).
Que bem acompanhados andam a Isilda Pegado, o César da Neves
e os seus apoiantes.
Que eu saiba quem usou as crianças nesta situação foram os
das famílias “normais”, que até bebés de colo levaram, numa altura em que já
deviam estar a dormir, e são eles que os vestem com roupas de marca, como se
fossem uns manequins, (para o argumento acessórios de moda, estamos conversados,
já para não falar de usarem as crianças nas suas ascensões ao status sociais a
que acham ter o direito ou dever a pertencer).
Continuo a perguntar, onde estavam os defensores da
co-adopção?
Não compreendo (na minha cabeça estou a tentar arranjar um
sinónimo), a poltroneria ou a pusilanimidade de muita gente.