Se o mundo fosse melhor, eu seria mais feliz.
Ser me tratassem melhor, eu seria mais feliz.
Se eu fosse um homem bonito, eu seria mais feliz.
Se eu tivesse mais aptidões, eu seria mais feliz.
Se eu não tivesse tido a infância e adolescência que tive,
eu seria mais feliz.
Um simples se pode significar muito, por vezes condicionar
uma vida inteira.
Dar tempo ao tempo, e esquecer o passado, é por vezes
necessário para seguir em frente, porque é difícil lidar com o sofrimento,
ultrapassar dificuldades.
Claro que quando as coisas se passam connosco, a perspectiva
das coisas muda radicalmente, dar conselhos aos outros é fácil, seguirmo-nos
nós mesmos é complicado.
A perfeição é uma ilusão, não existe.
Ser perfeccionista é bom, mas em excesso (como toso os
excessos) é pernicioso. Achar que o mundo se deve comportar pelos nossos
padrões é um erro, e uma utopia.
Nunca me vi como um líder, não o sonho ser.
Nunca fui o estereótipo do homem macho heterossexual, mas
também não sou o do homossexual que muitos inventaram na cabecinha deles.
Hoje mesmo o homem mais macho cuida do seu visual. Em 30
anos tudo mudou radicalmente, na minha adolescência era olhado de lado por me
vestir fora dos padrões, hoje quem me criticou usa coisas que eu sendo gay
jamais usaria…
O meu código genético não foi lá grande coisa, não tive
sorte, mas lá me vou aguentando. Mas a personalidade e o carácter esses não
dependem dos genes, depende de mim, das minhas escolhas.
Obviamente que não correspondi ao ideal que a minha família
e a sociedade fazia de mim. A coragem de sermos nós mesmos tem um preço, que
por vezes é a rejeição daqueles que deviam nos amar acima dos outros.
Ser frágil não é renunciar ás coisas que nos fazem mal, é
rejeitar as que nos fazem bem. Prefiro perguntar “quem sou eu? do que “quem
escolhe por mim?”.
Ser verdadeiro comigo próprio e consequentemente com os
outros não é tarefa fácil. Mas nunca sofri de um ego insuflado, bem pelo contrário.
Os meus amigos julgam-me sempre mais do que aquilo que penso
de mim. O que eu vejo em mim como defeitos, ou apenas coisas banais, ele vêem como
qualidades em mim. E
fico por vezes atarantado com isso.
Nunca tive presunções de superioridade, por isso não sou arrogante.
Se somos o que herdámos da nossa família eu devo ter sido trocado
á nascença. A falta de afectos, valores, a desunião, a sacanice, a maldade e a desonestidade
não me ficaram no ADN.
No fim acho que sou tão burro que não aprendi nada com eles…