domingo, abril 11


O povo português não é triste, mas entristece com facilidade.


Sou coleccionador do meu passado, do bom e do mau, pois chegando à minha idade temos muito passado, mas também muito futuro.

Por isso amo a minha cidade como se ama uma mulher.

E Lisboa é como uma mulher, precisa de ser amada e cuidada, para ficar feliz e ser mais bonita.


A cultura secular de Lisboa criou um ambiente que é muito dificil encontrar noutra cidade.

Lisboa é uma cidade misteriosa, sinistra e luminosa, decadente e serena, ponto de partida e chegada. O progresso não passa certamente pela destruição do que é bom, que tem valor histórico ou é bonito.


O que sempre senti é que pertencia a Lisboa. A minha ama foi Lisboa. E eu julgava que Lisboa era minha, como me enganava! Eu é que pertencia à cidade. Em Lisboa nasci e em Lisboa vou morrer.


Pois as emoções não se repetem...


Falo de mim quando falo de Lisboa. E poderá alguém separar-nos?

Só posso falar daquilo a que pertenço. E continuo a estar apaixonado por Lisboa, ela é a mulher da minha vida.

E o Tejo sempre me fascinou.


Lisboa foi aos poucos abandonando o seu Tejo, esquecendo o rio. Era parte de si própria. Desprezou a sua beleza, menosprezou a sua própria riqueza.

A vocação portuguesa esteve sempre voltada para o mar.


Não me lembro quando descobri Lisboa. Posso no entanto dizer que ainda não deixei de a descobrir...

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