Em 9 de Setembro de 2001 estava de ferias em Vila Fria, no concelho
de Felgueiras, naquelas que foram das mais belas ferias que tive.
Comecei por visitar a própria cidade sede de concelho, que
tem um centro com típicas casas minhotas. No alto o Santuário de Santa Quitéria,
com uma larga alameda ajardinada, e onde decorria uma feira etnográfica, com
vendedores vestidos de trajes rurais típicos de época. O edifício é do típico santuário
minhoto e a vista é espectacular. Uma enorme torre dá entrada para a igreja de
uma só nave e com capela arredondada em falso transepto, com capelas laterais. Ver
a devoção das gentes minhotas é algo que comove.
Seguimos para o Mosteiro de Pombeiro, o edifício é monumento
nacional e impressiona logo á chegada, sendo um festim para quem o olha. Curiosos
os túmulos existentes no interior e o trabalho de pedra nos vãos do portal da
entrada, bem como a rosácea bem ao estilo românico. O claustro estava em ruínas
com túmulos a descoberto, já que este mosteiro remonta a 1059.
Junto ao rio uma ponte romana sobre o Ave.
No dia 10 visita a Vizela, mais uma vez junto ao rio Ave, e
com ponte romana (os romanos eram danados e não gostavam de molhar os chispes!).
No centro casas típicas minhotas e um rossio central, bem como a estação de
comboios muito bonita.
Junto á cidade o santuário de São Bento com pequenas capelas
entre enormes penedos arredondados. A vista é magnífica, mas estava o ar cheio
de fumo por causa dum incêndio nas redondezas. A devoção popular dá-nos estes
locais mágicos onde tirando os dias de romarias o silencio impera.
Dia 11, o famoso dia da queda das torres gémeas em Nova Iorque, fui a
Guimarães. Falar da cidade dava páginas de palavras escritas. A Igreja no Campo
de São Mamede e o próprio largo, de onde se vê o castelo, é o ponto ideal de
partida para uma visita. Do castelo desce-se para o centro, do lado direito o
Convento do Carmo, carmelita, com fachada barroca, tem nas suas paredes um dos
passos.
A
Rua de Santa Maria é a mais nobre e medieval da cidade, e cheia de palacetes. O
antigo Convento de Santa Clara é hoje o edifício sede do município, em estilo
barroco e um dos poucos construídos dentro de muralhas.
Continuando
a rua e passando um arco gótico chegamos á Praça de Santiago, uma das mais
belas do país, algo de magnifico e único, por isso foi Guimarães eleita património
da humanidade pela Unesco. Passando por baixo da Domuns Municipalis temos
acesso ao Largo da Oliveira e á Igreja de Nossa Senhora da Oliveira, românica com
o seu padrão do Salado na entrada. Os pormenores são tantos que perdemos muito
tempo a contemplar, o interior da igreja é austero de pedra e 3 naves. Anexo o
Museu Alberto Sampaio, arqueológico. À saída mais uma capela dos Passos.
Ao
fundo de uma alameda ajardinada a Igreja dos Santos Passos, típica do barroco
minhoto com fachada em pedra escura e azulejo, tendo o interior tanta beleza
como o exterior.
A
Igreja de São Francisco é outro edifício do barroco minhoto, mas aqui o azulejo
também reveste as paredes interiores.
Perdemo-nos
no centro a olhar para a arquitectura dos edifícios, segui para o Convento das
Dominicas e para a Igreja do Convento de São Domingos de 1272 misto de românico
e gótico. O interior é magnífico.
No Largo
João Franco a Igreja da Misericórdia e o Palácio do Lobo Machado, com uma
fachada surpreendente.
Depois
uma ida á Senhora da Penha, que deve ser feita por teleférico, mas não
aconselhada para quem sofre de medo das alturas. Ao longe o Convento de Santa
Marinha da costa, hoje pousada. O santuário é frondoso entre penedos enormes e
vistas deslumbrantes, num grande planalto. Numa rocha a homenagem a Gago
Coutinho e Sacadura Cabral. Mas o mais bonito é o santuário dentro da rocha,
nem consigo descrever por palavras tal é o impacto que causa.
Dia
12 foi a vez de ir a Lousada, passando pela igreja românica de Sousa, monumento
nacional, e uma das mais belas de Portugal, com campanário adossado ao templo.
Segue-se Unhão com mais uma igreja românica, abundantes no Minho e no Douro
Litoral, sendo esta do românico tardio, mas igualmente interessante. Na vila
estão também os Paços de Unhão hoje pertença da Misericórdia.
Lousada
tem pouco mais do que a Igreja Matriz com azulejos azuis e brancos e jardim em volta. Depois a
ponte romana sobre o rio Sousa.
Dia
13 foi a vez de ir á cidade de Amarante. O monumento mais importante é o
Convento de São Gonçalo que domina o centro e merece visita atenta. A ponte é
uma reconstrução de 1791 (a anterior foi destruída por cheias do Rio Tâmega). Na
fachada do Convento uma curiosa pietá, o portal e as janelas dos reis. O
interior é de 3 naves com magnifico órgão e talha dourada. A sacristia é do século
XVI. Ficamos com dor de pescoço tal a beleza dos tectos. O claustro tem um
curioso confessionário.
Ao
lado a Igreja do Senhor dos Aflitos, a que se acede por uma íngreme ladeira de
pedra, o seu interior é um festival de talha dourada, e o seu átrio proporciona
uma das mais belas paisagens do norte de Portugal.
Também
na cidade podemos ver o Solar dos Macedos, a Igreja de São Pedro, a Casa dos
Peixotos, a Casa da Portela, a Igreja da Misericórdia e o Solar dos Magalhães.
Desvio
para o Mosteiro de Telões, românico e bucólico, com alpendre, embora encerrado
ao público.
Dia
14 a
caminho de Fafe a Igreja de Arões também românica. O portal lateral tem uma inscrição
medieval. Junto uma casa com símbolos hebraicos. O templo tem no exterior várias
imagens iconográficas românicas.
Fafe
é cidade e a sua Igreja Matriz atesta a sua importância. Tem vitrais coloridos
de bom trabalho. O jardim municipal é muito agradável com lagos com repuxos e
coreto. O centro tem um belo rossio.
A
seguir o santuário do Senhor dos Perdidos, mais um que esta gente é devota.
Dia
15 uma ida a Celorico de Basto, pelo caminho vários canestros.
Em
Arnoia o pequeno castelo, de atalaia.
Celorico
de Bato tem a atmosfera de terra de nobreza rural, tem pelourinho e solares
nobres e fica-se por aqui. Por isso fui a caminho do Mosteiro de Arnoia,
passando por vários palácios rurais com brasão, alguns infelizmente ao
abandono. O mosteiro tem fachada grandiosa e tamanho a condizer. O claustro é visitável
mas o resto depende dos humores do padre.
Dia
16 a
cidade de Braga. Braga é das cidades que tem tanto para ver que é difícil falar
de tudo. Começa-se do Arco da Porta Nova e entra-se no centro em direcção á Sé
de Braga, um dos mais belos templos de Portugal. A fachada é românica e o
interior é riquíssimo disposto em 3 naves. Domina o grandioso órgão, o túmulo
de D. Afonso, o Coro-Alto e o altar-mor em alabastro português. O Tesouro da Sé
é de visita obrigatória, e os claustros tem material vindo da Citânia de
Briteiros, mas muito mais há pata ver além da Sé.
A
Igreja de São Paulo tem altares laterais em madeira, A Igreja de Santa Cruz tem
bela fachada e interior riquíssimo, a Igreja e Hospital de São Marcos, as
Capelas dos Passos, a Magnifica Capela e Casa dos Coimbra, manuelinas e
monumento nacional em decoração luxuriante, o café a Brasileira, a arquitectura
do centro histórico, a Igreja dos Congregados imponente, os palacetes, a Igreja
de Santa Branca com curiosa fachada de azulejos, a Igreja de São Vítor com
belos azulejos no interior e rica talha, a Igreja de São Francisco e a Igreja e
Convento do Pópulo.
Já
fora do centro a Igreja de São Frutuoso de Montélios, uma das raras visigóticas
em Portugal e das mais antigas. Ao lado da velha está a nova igreja que é rica
em estatuária, e a sacristia é um pequeno museu de arte sacra. A velha é de
cruz grega e única no país e merece visita atenta. Junto a calçada anterior aos
romanos.
Ir
a Braga e não ir ao Bom Jesus é como ir a Roma e não ver o papa. O conselho é
descer as escadas e ver as capelas, e depois subir no mais velho elevador do
mundo a funcionar a água. O santuário é muito bonito mas não tem o sossego que é
devido a locais de culto.
O
Santuário de São Torcato com o seu corpo mumificado (algo tétrico) é muito
bonito.
Dia
17 era dia de feira semanal em Felgueiras.
Em Lixa visitei a Igreja Matriz com torre
sineira no exterior.
Dia
18 foi a ida a Paços de Ferreira com paragem na Igreja da Senhora do Barro em
pedra escura e veios brancos.
Em
Ferreira o famoso mosteiro que é monumento nacional, fechado ao público, tendo
um belo portal único no país. Tem uma volumetria considerável sendo uma das
igrejas românicas maiores de Portugal.
Por
fim paragem em Freamunde terra simpática e agradável, mas com monumentos
fechados, apenas se podendo visitar a Igreja de São Sebastião.