terça-feira, janeiro 31


Quero agradecer as demonstrações de carinho e preocupação daqueles que me amam e estimam. Não sei se mereço tal atenção, mas que me fez bem, fez.
Já disse que sou como um cão, derreto-me perante qualquer gesto de ternura.
Ainda não estou 100% recuperado, as dores voltaram, o que é normal pois o efeito da injecção cavalar passou, mas nada comparado com o que passei. Estou medicado e vai ser uma questão de tempo até estar bem fisicamente, porque de cabeça está tudo a funcionar muito bem.
E, como sempre, as agruras que me vão aparecendo na vida, eu transformo-as em energias positivas, em força, pois não vou embora sem luta, ai isso não. Posso me esparramar todo, mas levanto-me sempre, lambo as feridas, e continuo o meu caminho.

O chato disto tudo é querer continuar a fazer tudo o que me empenho, e não o poder fazer, especialmente a nível físico. Sou muito tolerante á dor, mas detesto as limitações físicas, detesto limitações ponto final.
E agora com o rugby estas limitações são mais difíceis de suportar, pois quero fazer mais e melhor, e o facto de não poder treinar custa-me, pela falta que me fazem, tanto a nível físico como emocional, pois o convívio com os  meus companheiros faz-me falta.
Cada vez mais sinto que estou a construir relações positivas, e, com a minha inteligência emocional, que é a minha, por isso limitada, sei ver as qualidades humanas na maioria dos meus companheiros, aquelas com que me identifico, e que faz deles seres extraordinários e de muita qualidade. Se lhes digo isto pessoalmente, é porque o sinto, e porque é importante eles saberem, porque merecem saber que estão no caminho certo, para que não se sintam "abandonados", nem "descarrilem".

Já disse várias vezes que não procuro que gostem de mim, gosto de gostar dos outros, e gosto que gostem de mim, mas não sou assim tão inseguro que necessite de validação instantânea ou universal. Agora daqueles que eu admiro, e admiro os meus amigos e todos aqueles que apostam nos valores humanos, nos afectos e na bondade (que é sinal de força e não de fraqueza).
Se estou errado, mostrem-me um caminho melhor, eu por mim ainda não descobri outro melhor, pelo menos outro que me faça sentido...

segunda-feira, janeiro 30

Eu não acredito em bruxas, mas se elas não existem, anda aqui algo de errado...

Desde segunda-feira que ando com uma dor no lado direito, que pensei ser de alguma pancada nos treinos do rugby, e para a qual tomei analgésicos á espera que passasse.
No entanto a dor foi aumentando, e na noite de hoje pelas 3 da manhã acordei cheio de dores, e não conseguia estar deitado, de maneira nenhuma.
Fui á casa de banho, e acalmou, tornei-me a deitar, mas pelas 4.30 voltei a ter de me levantar com dores.
Estive na casa de banho, no chão, contorcido de dores a a fincar as unhas no cesto da roupa para não ter de gritar.
Pelas 6 lá me consegui levantar e fui para as urgências do hospital Garcia da Orta.
Puseram-me a soro, depois de me tirarem sangue, fiz o chi chi da ordem para o copito, e levei uma injecção no rabiosque.
Depois dos exames, lá veio o diagnóstico. Os meus rins não estão a funcionar bem, e estou com uma infecção urinária.
Agoram digam-me se eu posso acreditar em Deus, e em que o bem que faço me é retribuído.
Chiça, mais um problema de saúde para me preocupar...
É obra...

quinta-feira, janeiro 26


Eu devo ser mesmo um idiota, ou então um masoquista...
Porque continuo a ajudar e a preocupar-me com quem não me retribui a minha preocupação? Só mesmo eu...
Mas não consigo deitar fora anos de vida em comum, sentimentos e momentos, bons e maus, passados juntos. E mais uma vez coloco-me sempre na pele do outro, para melhor puder avaliar e auxiliar quem precisa de mim, mesmo que essa pessoa não queira ou lhe custe precisar de mim.
Posso não gostar de uma pessoa, ou ter uma mágoa enorme dela, mas nunca deixaria ninguém sem ajuda, se dela precisar. Depois podem continuar-me a hostilizar-me, agora se eu puder, sem ajuda não ficam. Perdoar aos que nos ofendem e magoam, é difícil, não vos digo que é fácil, nem sabem ás vezes o que me custa e a revolta que sinto por ser assim, mas é mais forte que eu. Não consigo olhar para o lado e fazer de conta que não é nada comigo. É comigo sim, e não posso, não devo, olhar para o lado. Se alguém precisa de mim, eu estou lá. Posso não ser grande ajuda, mas tento fazer o meu melhor.

Claro que isto contradiz aquilo que faço, sim eu não sou de pedir ajuda, mas não é por orgulho, é por defesa. Já tive tantas desilusões, que me custa ter mais, e então como mecanismo de defesa, dou sempre muito de mim, e espero sempre pouco dos outros. E não tenho já muitas ilusões acerca da humanidade. Sei que a não vou salvar, mas não me peçam para não fazer o que me compete. E o que me compete é estar aqui inteiro e integro, a fazer aquilo que me dá prazer. E ajudar os outros dá-me prazer.
E não pensem que quero alvissaras, ou homenagens, São João Baptista já houve um e ainda por cima morreu degolado (livra!), não sou “bonzinho”, quem já provou da minha ira sabe que eu zangado não sou nada bom de aturar (é mesmo o saiam da frente ou levam).
Tenho levado muitas “placagens” na vida, e essas doem muito mais que as do rugby.
Se pensam que o rugby é violento, enganam-se. Violenta é a vida. Essa está sempre a tentar deitar-nos ao chão, e a pisar-nos. Cabe a nós, quando caímos, levantarmos-nos o mais rápido possível, para que a vida não nos passe á frente, tal como no rugby.

terça-feira, janeiro 24


Acho que preciso esclarecer algumas coisas acerca da minha pessoa.
Se não entenderem alguma coisa acerca de mim, ou das minhas atitudes, perguntem-me, agora não me façam aquelas caras de enjoados, ou birrinhas infantis.
Não sou complicado de entender.
Agora não me faltem ao respeito.

Eu não sou só as palavras que escrevo, ou as coisas que digo. Sou aquilo que faço, e aquilo que faço corresponde ao que digo. Sou integro, frontal e honesto.
E não pensem que o facto de hoje gostar de vocês, e vos elogiar, que amanhã vos deixe ir conforme vieram. Não gosto de ninguem por “obrigação”, por isso não obrigo ninguem a gostar de mim.
Se não gostam de mim, nem sequer me falem, acreditem que eu não fico com traumas, pelo contrário até vos agradeço...
Quem gosta de mim, gosta por aquilo que sou, pelos pilares que norteiam a minha vida, que são a dignidade como valor supremo do homem, a liberdade, o respeito, a bondade, e a aposta nos afectos. Se esse não são os vossos ideais, não me façam perder tempo, que é uma coisa que detesto.
Não pensam que vos vou ter algum ódiozinho de estimação, as minhas energias estão canalizadas para fazer o bem, e não o mal.
Aquilo que vocês pensam de mim, eu sou muito melhor. E estou literalmente cagando para a vossa opinião, vinda de cérebros tão obstipados, que eu não tenho obrigação de levar com a vossa trampa, não sou nehuma sanita.
Se vocês não cresceram, crescam. Tenho 44 anos de vida, bastante sofrida, mas isso não me tornou uma besta, bem pelo contrário. Só a bondade e os afectos me salvaram.

Humildade tenho-a a rodos, ainda recentemente passei por mais uma provação, sozinho, que me faz manter essa humildade. Passei 4 meses na duvida se tinha um cancro. Aguentei de cabeça erguida, sem preocupar os meus amigos, pois não lhes queria partilhar a dor que sentia, por saber que eles me querem tanto, que iriam sofrer comigo.
Depois de uma infancia de uma mãe abusadora fisicamente, de uma expulsão e humilhações da familia por ser homossexual, de uma doença em que fui para uma sala de operações com 50% de hipóteses de não sair de lá com vida (e duas posteriores hemorragias pós-operatórias), sei o que é sofrer, mas sempre recusei ceder ao sofrimento. Sempre lutei para ser livre e integro.
Inteligencia tenho-a q.b.
Sei que existem pessoas muito mais inteligentes que eu, os meus amigos são pessoas inteligentissimas. Podem alguns não ter estudos, outros cultura, mas tem uma inteligencia emocional, que os faz serem uns espantosos seres humanos, cheios de bondade e afectos, que eu procuro.

Não sou amigo por interesse, para ser meu amigo não precisa ter bom aspecto fisico, ser rico monetáriamente, ser influente ou poderoso.
Mas precisa respeitar-me, e ser bondoso.
Já o disse, eu sou como um cão, derreto-me parente um gesto de carinho. Sou o que sou, e dou o que tenho de melhor. Se não entendem isso, desculpem que vos diga, mas não são lá muito inteligentes emocionalmente.
Agora só vos peço uma coisa, deem-me o beneficio da duvida, e não me faltem ao respeito. Por eu sei ser 10 vezes mais besta que vocês. Agora sou demasiado inteligente para o ser.

Agora enfie a carapuça quem quiser, por mim tenho dito...

quinta-feira, janeiro 19


Quando alguém não faz algo é preguiçoso, se for eu, estou cansado ou não tenho tempo.
Quando alguém fala mal de outros é invejoso, se for eu, é critica construtiva.
Quando alguém mantém o seu ponto de vista é teimoso, se for eu, sou firme nas minhas convicções.
Quando alguém não me fala é mal-educado, se for eu, tenho carácter.
Quando alguém demora muito é lento e não tem respeito pelos outros, quando sou eu tive um contratempo ou sou cuidadoso.
Quando alguém é amável é porque tem segundas intenções, se for eu sou bonzinho.
Quando alguém não toma partido da minha opinião é um parvo, se for eu, sou inteligente.
Quando alguém é rápido a fazer alguma coisa é descuidado e apressado, quando sou eu, sou hábil e bom.
Quando alguém dá uma opinião sem lha pedirem, mete-se onde não é chamado, se for eu, estou a dar uma opinião para ajudar o outro.
Quando ele defende os seus direitos e convicções tem mau feitio e pensa que sabe tudo, se for eu, mostro que tenho opinião.

Eles e eu… não é estranho?
Sim… é muito estranho.



quarta-feira, janeiro 18



O que faz de um qualquer numero de pérolas um colar, é o fio invisível e interior que as une, que as liga a todas.

Assim sou eu para os meus amigos, que são as minhas pérolas, em que o elo de ligação sou eu, o fio invisível, que as une.

Por vezes uma parte, ou eu parto. Mas depois sou consertado, e aumento ou diminuo o colar conforme o tempo.

Mas sou eu que as selecciono, que as ligo umas ás outras, que abro as suas conchas para ver a beleza que está no seu interior. E só escolho as melhores, e tenho bom gosto, pois escolho as mais bonitas, as mais perfeitas. Não tem de ser todas iguais, mas todas bonitas.

E uno-as num todo, que só de mim faz parte, como ser condicionado pela minha inteligência.

Só não as quero perder de vista, porque me fica bem este colar de pérolas. E gosto de usá-lo sempre.

terça-feira, janeiro 17


Há para ai tanta gente com diarreia no lugar do cérebro.
As atordoadas que me atiram, como se fossem senhores da verdade e da sabedoria, autenticas pérolas de sabedoria.
Não usam a cabeça para produzir verborreia de jeito, mas fazem questão que nós saibamos a trampa que lhes vai naquele lugar a que eles julgam ter o cérebro (e que na maioria dos casos se encontra mais abaixo).
Sei que não sou perfeito, longe disso, e que se calhar vou parar ao inferno, embora ache que o inferno é isto que vivemos, mas só espero que eles sejam postos numa jaula diferente da minha. Não vão eles morderem-me.

O sentir penoso do acabar de alguma coisa. Possivelmente isto será o começo da velhice.
Mas cada vez mais sinto as perdas que a vida me dá, bem como as coisas que devia ter vivido, o que devia ter arriscado, o que perdi por medo, por me ter sentido incapaz, inadaptado, indigno de merecer.
Será porque vejo a vida a fugir-me por entre os dedos?
Sinto que estou a meio da minha existência, se a vida for generosa para mim, e que o que tenha de fazer nesta vida de importante, tenho de o fazer sem receios, sem medos.
Não sei se faço, ou se irei, fazer alguma diferença neste mundo. Mas que vou tentar, já estou.

segunda-feira, janeiro 16


Desculpar os outros não é sinal de cedência, é pelo contrário sinal de caracter,de força. Perdoar quem nos ofende é ser grande.
E perdoar aos amigos, é bondade, porque as suas ofensas doem mais, e custam mais a suportar, por serem de pessoas que amamos.
Eu não tenho um melhor amigo, não porque os meus amigos não sejam excepcionais, mas porque os tenho de muita boa qualidade, e porque não estão em competição pela minha amizade. E porque gosto deles por muitas e variadas razões, todas elas autenticas e válidas.
Não existem escalas na amizade, eu sou amigo nem a 8 nem a 80, sou a 100%.
Já me disse um amigo querido que ponho a fasquia da amizade, num ponto tão alto, que as pessoas tem medo de não corresponder ás minhas expectativas. Mas na amizade a unica fasquia que coloco é a da autenticidade. Só peço aquilo que dou, respeito, afectos e sinceridade.
Não sou, nem nunca fui, interesseiro. Amo pelo simples facto de ter a certeza de que o amor é que me salva, de ser uma besta.

Pensar que me restam provavelmente menos anos de vida.
O balanço dos 40 é terrivel e maravilhoso. Para mim foi um despertar (tardio), tornei-me um novo homem, mas com a experiencia e as bases morais do velho.
Entender que a felicidade eterna não existe, mas que depende de nós sermos mais ou menos felizes. E perceber que a minha felicidade não pode, não deve, ser construida pela infelicidade alheia.

sexta-feira, janeiro 13


Cada vez mais as religiões me parecem aqueles anúncios dos bancos, prometem tudo por nada. Tão bonzinhos que eles são...

Não vale a pena dizer que eu de filósofo não tenho nada. Nota-se logo. Sou do mais prático que existe.
Mas tenho a perfeita noção de que perco por vezes muitas coisas, que me ajudariam a perceber melhor este mundo onde vivo.
No fim sou como um cão, nasci para me derreter de ternura a quem me quer bem.

Para mim o que mais me aflige como homem, é não poder respeitar o outro ser humano.
Mas infelizmente os candidatos são tantos...
O poder seja ele civil, militar ou eclesiástico, não gosta de ser afrontado.
Ainda me falta perder tantas ilusões!

Eu não tenho a obrigação de ser santo, mas de ser humano sim. Querem fazer de mim estúpido, por enquanto a minha cabeça ainda funciona, e bem.
Aflige-me a falta de senso de tanta gente inteligente.

quinta-feira, janeiro 12

As ditaduras afastam sempre do seu território, ou mesmo aniquilam intelectual ou fisicamente, aqueles que os incomodam, ou se lhes opõem.
O mesmo é com os homens.
Sei que sou muitas vezes incómodo, porque sou frontal, digo a minha verdade, pois existem outras, não sou detentor da verdade absoluta. Isso assusta e incomoda os outros, aqueles que não tem a inteligência de se verem nos olhos dos outros.
Eu, como todos nós, estou sempre sujeito ao escrutínio alheio, se o faço não posso querer que os outros não ajam da mesma maneira, seria hipocrisia não o admitir.
Mas se quero ser verdadeiramente autentico, e que os outros gostem de mim por mim, não por uma imagem ou desejo que queiram ter de mim, tenho de ser verdadeiro, claro com a ressalva de tentar não magoar os outros injusta e injustificadamente.
Mas se querem um verdadeiro amigo, porque me pedem que vos minta? É essa a vossa ideia de amizade? Alguém que só vos diga que são perfeitos, sem falhas?
Se esse é o vosso caminha, então sigam-no, não é o meu.

quarta-feira, janeiro 11



Algo está definitivamente errado no ser humano.

E desconfio que morrerei sem saber porquê?



Eu vivo para tornar o caminho mais cómodo, o meu e o dos outros.

Não sou a favor do facilitismo. Isso não, esse é o caminho dos fracos e incompetentes. Mas sou a favor da simplicidade, grandiosa pois claro.

Sempre busquei na simplicidade o caminho para chegar mais longe, a mais gente.

Posso não valer muito, ou até não valer nada. Mas o que valho, valho. Valho por mim. Pouco, muito, nada, mas tudo autêntico.

Muitos dizem que não sou normal, uns depreciativamente, outros como elogio. Já acreditei mais nos que me ofendiam. Hoje, embora sabendo que os meus amigos são generosos comigo, sei que ele me vêem, despidos de preconceitos, porque eu lhes dou o que de melhor eu sou, e aquilo que sou não é de desprezar.

terça-feira, janeiro 10


Quem me detesta não passará a adorar-me, se me ouvir explicar o meu pensamento e/ou os meus actos.
Mas eu sou um tipo decente, e por isso não tenho por eles nenhum ódio de estimação, que eles fazem questão de cultivar, e só sinto pena deles, e esperar que um dia ganhem humanidade, e se lembrem daquilo que fizeram e disseram.
Que o cuspo lhes caia em cima, e que não mordam a língua, porque senão podem morrer envenenados.
Os meus inimigos não precisam de novas armas para me difamarem, eles usam ainda as antigas. E depois é para quem me quer bem que escrevo.
E depois dá-me um gozo saber o que provoca o ódio deles em relação a mim. A inveja.

Será possível roubar memórias?
Sim é possível, ou por trauma ou por doença.
No meu caso foi por doença. Sabem aquela impressão de que estive ou vivi algo, mas que não me lembro quando e como? Quando se tem uma doença que apaga memórias da tua cabeça, parece que algo se perde de nós, pois nós somos, principalmente devemos ser presente, mas também o nosso passado.
O que eu andei para chegar onde hoje estou, foi o culminar de um percurso de vida, muitas das vezes ingrato, outras vezes de más escolhas, mas que é meu, só meu, o bom e o mau. E só o que aprendi me vai servir de armas, ferramentas para o que há-de vir.
E mais uma vez o bom e o mau.

segunda-feira, janeiro 9


Há coisas que não se vêem á primeira vista, mas como anda ai tanta gente com a vista desarmada...
A facilidade com que as pessoas ajuízam o carácter dos outros, pelas aparências, incomoda-me. Vêem apenas a superficialidade, não se dando ao trabalho de aprofundar as relações, e tirar dai o seu usufruto.
E depois queixam-se quando precisam dos outros, e os outros se estão cagando para eles. Literalmente.

Se existe uma coisa que aprendi com a vida, é que é impossível (e perfeita perda de tempo), discutir o que quer que seja, com uma pessoa munida da sua própria verdade, como se ela fosse absoluta e indigna de contradição.

A rotina é boa ou má?
Pode ser uma coisa e outra. Para mim a rotina faz-me sentir confortável q.b., é assim um “porto seguro”, um repetir de gestos e situações, que me faz situar no meu espaço e tempo.
Mas fugir-lhe de vez em quando também me faz sentir bem, demasiada rotina mata as minhas células cerebrais. Tem de haver um equilíbrio, pois viver sempre na rotina deixa-me apático, confortável, desinteressante.
E eu só gosto de me sentir confortável  ás vezes, quando estou mais fragilizado.

sexta-feira, janeiro 6


Obrigado aqueles que gostam de mim. São poucos, mas são bons.
Aos outros digo-lhes que ainda cá estou, e espero estar com a minha inteligência emocional. Não me vou embora tão cedo(espero!)
E só me tiram de cá se me matarem.

Logicamente eu deveria ter sido hetero, casado com a prima com quem a minha família me queria encalhar, (feia com cornos, coitada da moça, que até era simpática, que seja muito feliz), ficado com as propriedades que me estavam destinadas por herança, ter os netos que os meus parentes desejavam.
Mas eu não sou lógico
Acredito, alias sei, que não correspondi ás expectativas da minha família, mas não carrego nenhuma culpa, porque eu sou dono da minha vida, ou da parte de que posso ser, e orgulho-me do que sou, não de tudo o que fiz. Mas o que faço é assumido. E sou responsável pelos meus actos.
Pena que seja penalizado por uma coisa que não escolhi, a de ser homossexual.

Como não posso rir da vida com estas comédias, que são certas pessoas que habitam este planeta?
E porque se portam assim, sem nexo?
Eu tenho respostas, mas nenhuma delas é honrada.

quinta-feira, janeiro 5


Anda meio mundo a clamar pela identidade cultural dos povos.
E a identidade humana?
Não serão os direitos humanos superiores á cultura de um povo?
Se essa cultura for contra os direitos humanos, não deverá ela ser modificada? (já nem digo eliminada, para que não me chamem de xenófobo).
Se uma cultura, ou um modo de vida, são contra os direitos elementares do ser humano, devemos combater essas culturas, mesmo com o risco de nos chamarem intolerantes, incultos ou outras coisas piores.
A ditadura de uma cultura sobre as outras não deixa de ser tão violenta, como as ditaduras politicas ou militares. Uma ditadura é uma ditadura, e não as há suaves...

Posso respeitar uma pessoa, sem respeitar os seus gestos, ou as suas palavras e pensamentos?
Posso e devo.
O outro ser humano é para ser respeitado, independentemente de gostarmos ou não do seu pensamento e das suas atitudes.
No entanto ainda não cheguei á perfeição de não sentir desprezo por todos aqueles, que apelam e actuam contra a dignidade dos outros.

quarta-feira, janeiro 4


Todas as pessoas do mundo se cruzam entre si, os tempos mudam, mas só os lugares permanecem, e esperam.

Sabem como manter uma amizade?
O truque é não nos esquecermos das pessoas, dar-lhes liberdade para serem e pensarem, e no outro dia, dar-lhes a mão, estando elas desprevenidas.
Ser amigo não é ser livre, é prender as pessoas a nós, e sermos cativos delas.
Ser dependente dos amigos, em doses moderadas e generosas, é saudável, e aconselhável. Faz-nos bem. Quando aos meus amigos, pergunto por vezes: “mereço eu tanto?”
Mereço, porque neles investi horas e horas, afectos e sentimentos, que eles retribuem.
Sei que não posso ver tudo, ler tudo, amar todos, saborear todos os sabores, mas dá-me uma vontade...

É verdade que quando falo de Lisboa, os meus olhos se iluminam.
Mas isso acontece sempre que falo de algo que me apaixona. E o que faz de Lisboa, uma cidade diferente? Os seus monumentos, sim. O rio, concerteza que sim. A sua luz, é unica. As suas colinas são lindas, a sua arquitectura é surpreendente. Mas não acho que é isto que faz de Lisboa uma cidade diferente das outras...
Para mim, a alma de Lisboa são os Alfacinhas.
Essa gente castiça e liberal, generosa e alegre, esta gente de fado, de Alfama. Sobreviventes do terramoto, e da incuria daqueles que (des)governam a cidade.
Lisboa é linda, mas a sua gente não fica atrás.

terça-feira, janeiro 3


Embora muitas vezes não concorde com as opiniões alheias dos outros, continuo a acreditar na liberdade de expressão. Prefiro que exista do que a liberdade sem expressão. E continuo a dizer que um homem com fome e sem justiça, não é livre.

Há pessoas que me irritam pela sua inutilidade.
Estão na vida como o papel de parede está para as casas. Cobrem-nas mas tapam a beleza das paredes, são belas ou feias, mas não adiantam nada á existência dos outros.
E acredito piamente, e tento praticar, que um homem é inútil se não “tocar” a vida dos outros.
Estar disponível para o outro não é estar de “perna aberta”, mas um acto de generosidade, que como em tudo na vida, requer moderação e ponderação.

Um homem não tem de ser forçosamente um ser humano, mas um que não seja é imbecil.
Os valores humanos são para ser exercidos, na sua plenitude. Não digo que é fácil, nem é suposto ser. Viver é difícil, só assim tem mais valor um homem, tal como a vida, não se faz de facilidades, por vezes as dificuldades são o seu tempero. E nada como apimentar as coisas.
Para mim a maior tragédia do ser humano é a farsa. E como certa gentinha vive a sua farsa, e pensa sinceramente que os outros acreditam nela, e não vêem a mentira, a falsidade.
E tudo é tão fácil de decifrar, a equação é simples. Palavra diferente da acção, nada mais simples.
Estas criaturas podem enganar alguns principalmente os que vivem outras farsas. Mas as máscaras caem sempre, e a verdadeira personalidade de cada um vem sempre á tona. Pelas suas acções, nunca pelo seu discurso.
No entanto esta gente é perigosa, e por vezes causa danos nos outros, por vezes irreparáveis.
Quando se estão a afogar, agarram-se a qualquer canoa, numa tentativa desesperada de se manterem á tona, e por vezes afogam os outros neste processo.

segunda-feira, janeiro 2


Somos a memória que temos, e a responsabilidade que assumimos. Sem memória não somos nada, sem assumirmos responsabilidades, não merecemos ser alguma coisa.

Para que serve um pais que depende de tudo e de todos? Quem manda realmente no nosso pais?
Não estarão a Alemanha e a França a fazer o mesmo que a Rússia fez á União Soviética?
A vida é capaz de partidas ignóbeis...

Quando me obrigam a optar por A ou B, sem eu ter tempo para decidir com conhecimento de causa, obtém um resultado desastroso, que é não optar por nada e ainda terem de me aturar o meu mau feitio.
Porque tomo as relações humanas tão a peito?
Porque o outro ser humano me apaixona.
Um dia destes um “amigo” desaparecido, telefonou-me a contar as suas novidades.
Não perguntou por mim, se estava bem, nem me explicou a sua ausência, nem havia necessidade, eu sabia de antemão a razão de tal, que não compreendo pois eu não a teria, mas tenho de aceitar.
Por vezes temos de perdoar as fraquezas dos outros, para que os outros perdoem as nossas. Viver com as limitações dos outros é saudável e aconselhável, para evitar não ficarmos isolados, e arrogantes.
Se não perdoássemos tudo o que nos incomoda e por vezes ofende, estaremos sozinhos. E um homem só, deixa de ser humano.
Mas por vezes fico com um nó na garganta. E o que me faz ficar assim?
O sofrimento do outro, a morte, a natureza, uma bela obra de arte, uma canção que me faz sonhar, uma frase que me faz pensar e me abre os horizontes, um gesto de ternura, o amor, um acto de generosidade.

A capacidade que tenho de me comover, não sei se vem do sofrimento que senti em criança, mas existe em mim, faz parte de mim, não me fragiliza nem me engrandece. Simplesmente me emociona.
O sofrimento, entende o alheio, bem como valoriza a beleza e a bondade, a força do carácter.
E um homem  não chora, emociona-se!