terça-feira, novembro 30

Alguém que tenha coragem de ter mão em nós.
A maioria dos seres humanos são fracos, volúveis, egoístas, vaidosos, influenciáveis e maus.

A única razão porque a liberdade tem de ser plena quanto é praticamente possível, é porque as alternativas vão contra a humanidade.
Mas liberdade não significa fazer aquilo que te “dá na real gana”.
Do que o povo gosta é de bajuladores, de quem lhes diga que são bons, que são os melhores.
A xenofobia, o racismo, a homofobia, o estúpido “orgulho nacional” agudizaram-se.
O mundo é cada vez mais uma sociedade de desalmados e safados, em que os “bem sucedidos” exibem o seu sucesso diante dos fracassados.

Esta mania moderna de ter de se sofrer em privado, para não chatear os outros enoja-me.

segunda-feira, novembro 29

O povo na sua maior parte, enlouqueceu.
O que mais assusta é o povo em armas, egoísta, xenófobo, homofóbico, prepotente.
E é maior o perigo quando o poder se usa deles.

Aliás a igreja, o poder politico e o económico sempre usaram o povo para os seus interesses, para enriquecerem, para perpetuarem o poder.
Em nome da Pátria e de Deus, cometeram-se e cometem-se os maiores crimes contra a humanidade.
E nesta altura de “crise”, provocada por aqueles que agora estão a ser ajudados com os nossos sacrifícios, as instituições financeiras, quase todos os direitos civilizacionais conquistados, estão a ser retirados, a bem da economia e do controlo do défice.

No meio desta catástrofe anunciada, não se iludam, os anos que se seguem (2011,12 e 13), vão ser muito complicados, eles vão acabar com a pouca segurança no trabalho, e com a maioria das ajudas sociais, e com baixas de reformas, pensões e subsídios, enquanto eles acumulam riqueza e várias pensões milionárias, que depositam em off-shores, para fugir aos impostos.

Mas o povo português é generoso.
E mais uma vez se comprova esta afirmação.
A recolha de Inverno do Banco Alimentar Contra a Fome, só no 1º dia consegui mais 100 toneladas de alimentos do que no 1º dia da campanha de 2009.
Os pobres é que ajudam os pobres.

Ser generoso não é comer o bife e dar o osso ao cão.
Ser generoso é estar tão faminto como o cão, e partilhar o osso com ele.

Mas senhores poderosos, o povo faminto revolta-se. E se sabem ler, vejam os livros de história. Foi por isso que Maria Antonieta perdeu a cabeça.
Na guilhotina…

PS: Reza a história que quando Maria Antonieta estava na guilhotina, o carrasco perguntou-lhe se ela queria beber um vinho do Porto (só podia!), para lhe custar menos a dor.
Ao que ela respondeu:
- Olha filho, deixa estar. É que depois fico com a cabeça andar á roda, e lixo-te a lâmina toda!

sexta-feira, novembro 26

Portugal é a sina mais suave que se pode ter.
Há nomes bonitos, mas não há nome mais bonito do que Portugal.

Eu aprendi a amar o meu país, apesar dos tugas que por ai andam a estragá-lo.

Antes de conhecer o meu ex, pouco conhecia de Portugal, e foi com ele que comecei a fazer campismo e a viajar por esta terra linda, cheia de história e riqueza.
Comecei por querer conhecer as capitais de distrito, e depois o resto.
Apaixonei-me por muitas terras, muitos locais, pelas gentes, pela gastronomia, pela paisagem. Tudo tão diversificado.

É-me impossível dizer que gosto mais de uma região a outra, pois todas elas têm sítios de encantar e motivos de interesse.
Existem pequenas “bolsas” em Portugal que não conheço, e que espero um dia visitar, embora me falte a disponibilidade financeira para tal, neste momento…
E as ilhas, que ainda não visitei, tirando as Berlengas LOL.

Os sítios que mais me encantaram, é difícil fazer uma lista, mas as aldeias históricas mexem comigo, gosto mais do interior do que do litoral, das zonas de serras do que as zonas planas.

Mas meu Deus, a gastronomia, como somos privilegiados. Em Portugal não se come mal, pelo contrário come-se muito bem. Então no Porto e no Minho…
E a doçaria, que é digna dos anjos, nada como um bom Pastel de Tentúgal, uma Serica, um Pastel de Belém, um Pudim Abade de Priscos, só para amostra. E os vinhos, eu adoro os do Douro, Dão, Bairrada, Bucelas, Colares, Távora-Varosa, os Verdes, os do Pico, os Algarvios. E o pão, cozido a lenha e com enchidos. E o bacalhau, seja ele á Braga, á Lagareiro, com Natas, Dourado, à Gomes de Sá. E os queijos desde os amanteigados da Serra, Serpa ou Azeitão, aos do Rabaçal, da Ilha, Frescos, de Cabra, Ovelha ou Vaca, são todos saborosos.

E a comida, desde o simples Frango Assado no Forno, a um Cozido à Portuguesa, uma Feijoada, uma Posta à Mirandesa, uma Francesinha, e um sem findar de iguarias que nos deliciam.
Tudo isto misturado com compotas, ervas aromáticas, azeite (o ouro da comida), boa fruta, boa carne, bom peixe, bom marisco, bons bivalves (ai como eu adoro berbigão).
E o saber fazer. O mais importante é a tradição de saber fazer. Gerações e gerações a aperfeiçoarem o que já é sublime.

E depois digam lá se isto não é motivo de orgulho!

quarta-feira, novembro 24

Vestimos camisolas de marca produzidas por trabalho infantil e trabalho escravo.
This are the days.

A propósito da globalização e da saúde da economia mundial, está-se a fazer um enorme retrocesso civilizacional.
Quando foi “despedido” por ser gay, em 2007, ganhava líquidos 827,00€, acrescidos do passe (+ 56,00€), PPR (+ 50,00€) e telemóvel novo de 18 em 18 meses.
Hoje com um curso técnico profissional na UAL de Técnico de Apoio à Gestão, trabalho por 525,00 sujeitos a descontos.

Cada vez se ganha menos por mais trabalho, com menos segurança e menos direitos.
Vale tudo, e não se iludam isto vai piorar. 2011 vai ser terrível.
Actualmente existem 30% de portugueses que não comem nada durante um dia inteiro, 30%= 3 000 MILHÕES de portugueses que passam o dia sem ter dinheiro para comer.
Existe 15 000 pessoas em lista de espera para receber ajudas de instituições. A classe média foi dizimada.
Existem hoje apenas ricos e pobres.

É revoltante ver escolas que abrem aos fins-de-semana só para que alunos não passem fome, pois é a única refeição do dia que eles tomam. CRIANÇAS MEU DEUS, CRIANÇAS.

É ESTE O PAÍS SOCIALISTA? É ESTE O ORÇAMENTO QUE OS SOCIAIS DEMOCRATAS APROVARAM COM A SUA ABSTENÇÃO, NUMA ATITUDE DA MAIS RELES COBARDIA POLITICA!
E ainda tem a divina lata de dizer que é para bem de Portugal!

Por isso sou a favor desta Greve Geral, embora não tenha hipótese de a fazer, pois tenho vínculo precário no meu emprego, como muitos portugueses. Que isto de poder fazer greve não é para todos.
Mas devia.






terça-feira, novembro 23

Somos umas bestas, no mau sentido, somos primitivos, somos primários.

A maneira como muitas vezes nos tratamos uns aos outros é inacreditável, em termos de sermos humanos.
Choca-me ver os preconceitos existentes na sociedade, preconceito que sempre esteve presente na minha vida.
Eu próprio sou vitima desse preconceito, e não estou a falar do facto de ser gordo, ou de usar óculos, ou de já não ser jovem. Esses são os menos.

Falo do preconceito em relação á cor da pele, á religião, á orientação sexual, ao das classes.
Não somos nós todos humanos. Não temos todos o mesmo sangue nas veias?
Não sofremos nós todos pelas mesmas razões, não amamos todos os nossos filhos, não sofremos todos das mesmas doenças, não nos alegramos todos pelas mesmas coisas, não queremos todos ser amados?

Eu quando olho para uma pessoa, não vejo um negro, ou árabe, um cigano, um asiático, vejo primeiro um ser humano. Claro que as características físicas o definem, e podem atrair-me ou não, posso achar uma pessoa atraente fisicamente ou não, mas se for um bom ser humano, diferente ou não de mim, tem espaço no meu coração, incondicionalmente.

Agora que vem ai a época natalícia, façam um exame de consciência e avaliem-se a vocês próprios. E descubram quais são os preconceitos que existem nas vossas mentes, e façam que os vossos desejos para o novo ano, não sejam os habituais “acabar com a fome no mundo e com as guerras”. Começam a acabar com as “guerras e as fomes” das vossas mentes. Conheçam aqueles que vos são diferentes e aprendam a diferença com eles.
Acreditem que serão melhores pessoas e mais capazes para vencer as adversidades.

E não estou a dizer que é fácil…

segunda-feira, novembro 22

O triunfo da ecologia é a consciência humana do longo prazo.

A ecologia para mim não é uma bandeira, é um imperativo do ser humano.
O desrespeito pelo nosso planeta é, infelizmente, uma prova da falta de educação e cultura de um povo. E infelizmente Portugal não foge á regra.

Lixo é deitado em qualquer lado, utiliza-se a floresta como deposito, e alguns até provocam incêndios, danificando património que é de todos.
Nos rios e no mar o regabofe é o mesmo. Até no líquido mais precioso para a nossa sobrevivência, o ser humano faz a s maiores porcarias.
O ar então é sujeito a todas as agressões.
No fim vamos pagar tudo. Com juros…

O homem comporta-se como se fosse dono da natureza e não refém dela, dependente dela. Actua como se fosse um bem inesgotável, mas não é.

Uma das coisas boas que tive na minha educação, foram as férias de Agosto passadas na Serra do Açor. Aprendi a respeitar a natureza e os animais, como seres integrantes da nossa vida, e que contribuem para a nossa existência, seja como alimento, seja como reguladores da natureza. O que seria de nós se não houvesse animais que através da sua alimentação, não controlassem a população de outros, que se tornariam pragas nefastas ao homem.

Ser ecológico é ser humano. E activo. E algumas são coisas simples.
Separar o lixo é uma delas.

quinta-feira, novembro 18

Os animais tratam mal os diferentes deles.
Nós também…

Muitos “seres humanos” tem dificuldade em aceitar a diferença.
Eu que o diga, fui expulso da minha família por “ser diferente”, apenas por um simples facto de a minha orientação sexual ser diferente da maioria.

A minha orientação sexual é uma parte muito importante da minha vida, tem a ver com a minha sexualidade, parte sempre muito importante da vida de qualquer ser humano, logo a seguir á alimentação, e com os meus afectos, o que afecta a minha estabilidade emocional.
Mas não me define como ser humano.

Eu sou como todos os outros, tenho fome, frio, calor, sangro, choro e rio como todos os outros.
Tenho os mesmos desejos de felicidade e bem-estar que qualquer outro.
Quero ser amado e respeitado como todos os seres humanos.
E tenho defeitos como todos temos.

Nunca vou perdoar à minha mãe e ao meu irmão o facto de me renegarem por isso.
Nem lhes vou perdoar terem “dado a noticia” a toda a família permitindo que eles tentassem me humilhar publicamente, o que não conseguiram á minha frente porque eu não sou propriamente uma “criaturinha frágil”.
Mas que magoa, magoa…

Ser mãe é amar um filho incondicionalmente, protegê-lo, ampará-lo, acarinhá-lo.
Nada disto me foi dado.
Porrada, recebi muita, amor e carinho nada. Não me lembro de um carinho de meus pais.
Mas pelo menos o meu pai não me rejeitou, pelo menos ele era mais inteligente.
Tenho pena de o não ter “conhecido”…

quarta-feira, novembro 17

O principal sinal de humanidade é a maneira como os seres humanos tratam os animais.
O ser realmente humano seria incapaz de tratar mal um animal.

É verdade que para nós comer-mos, tem de ser sacrificadas vidas de animais.
Só quem não viveu no campo (eu passava o Agosto de férias na Serra do Açor, na aldeia de meu pai), não tem essa noção. E é algo que se deve experienciar.
Assistir a uma matança do porco é uma recordação negativa que me ficou para o resto da vida, e que não faço questão de repetir. Mas deve ser essencial e necessária para que respeitemos os animais que sacrificamos para nossa alimentação. Sem eles a nossa vida seria menos saborosa, e menos saudável.

Por isso não devemos maltratá-los, se eles servem para nossa alimentação, deveríamos tratá-los com muito respeito e conforto até eles serem mortos.

A tourada é uma barbárie, feita e aplaudida por grunhos sedentos de sangue. Não vejo qualquer “espectáculo” ou “arte” no sofrimento alheio, seja ele animal ou humano. E não me venham falar em tradição. Na Inquisição era “tradição” queimar pessoas vivas nas fogueiras nas praças principais, para gáudio dos espectadores que aplaudiam, e não é por isso que se manteve “ a tradição” até hoje.
Viu-se o que Barrancos ganhou com a legalização da tourada de morte. Perdeu visitantes, que agora vão para Monsaraz porque lá ainda é ilegal, pois também eles querem manter “a tradição”. E o povo adora ilegalidades.

Se os portugueses aplicassem tanto empenho em trabalhar e cumprir a lei, como se empenham em não a cumprir ou a fugir dela, teríamos um país mais maravilhoso do que temos.
Sem grunhos.

terça-feira, novembro 16

O que distingue muitos seres humanos dos animais, é terem a mania de que são bons.

Não há nada pior do que uma pessoa convencida de que é a maior.
Sei que por vezes as pessoas pensam isso de mim, mas não corresponde nada à verdade.
Não tenho vergonha da minha inteligência, nem da minha bagagem cultural, e lá porque os interluctores são abaixo da média, não tenho eu de descer a minha para não os incomodar. Era só o que faltava…

segunda-feira, novembro 15

O erro é abdicar do estudo, do pensamento, da devoção. O maior perigo é a facilidade.

Um dos meus maiores erros da vida, foi ter parado os estudos aquando da minha obrigação de cumprir o serviço militar. Devia ter seguido e não o fiz.

Claro que estes erros pagam-se caros, e hoje podia estar melhor a nível profissional do que estou.
Não sou estúpido, nem nenhum génio, mas sou inteligente e consigo aprender bem, se tiver bons mestres, sou curioso a nível intelectual e aprendo fácil se for bem estimulado.

Sei que com 20 e tal anos as minhas motivações não eram as mesmas do que hoje, mas não deixou de ser um erro.
Poderia voar mais alto, e sem asas sou como a galinha, tem asas mas não voa.

quinta-feira, novembro 11

É por ser capaz de se exceder que o ser humano pode ser tão noviço e tão mau.

Por isso o ódio, que tolda o cérebro e faz o ser humano pior do que os piores animais, ou seja umas bestas.

Odeia por tudo, por causa da religião, do futebol, da cor da pele, da nacionalidade e até da orientação sexual.
Como se fossemos assim tão diferentes entre nós, não tivéssemos nós os mesmos anseios e ambições, as mesmas dores e desgraças, as mesmas virtudes e fraquezas.

Não compreende o ódio.
Eu não tenho capacidade para odiar. Quando uma coisa ou uma pessoa me deixa desconfortável, ou enfrento a situação ou afasto-me, não tenho ódios de estimação, dão muito trabalho e eu quero é sossego, que já não tenho pachorra para coisas que não me interessam.

Infelizmente trabalho numa área profissional em que o homofobismo é prática corrente, e temos de ouvir os comentários depreciativos acerca dos homossexuais quase diariamente. E calar, que a barriga tem de ser alimentada todos os dias, e não existe liberdade de barriga vazia.

quarta-feira, novembro 10

A única natureza é a humana.
Tudo o que abdica do humano é feio.

Andamos num época em que os valores humanos estão em decadência, o estar para o outro é cada vez mais raro.
Por isso quando encontramos pessoas que são solidárias com terceiros, que estão disponíveis para os amigos, e que os acarinham, achamos que encontramos um tesouro, e desejamos que essas pessoas façam parte das nossas vidas.

Mas nem sempre é assim tão fácil, os outros também têm os seus timings, os seus afazeres, as suas prioridades. Isto de ser boa pessoa custa, cada vez mais, num mundo onde a hipocrisia e a maldade imperam, para se ser boa pessoa é preciso coragem.
E nada como nos vingar da maldade fazendo o bem.

Por isso sinto cada vez mais necessidade de estar em contacto com quem me sinto bem, e ajudar nas causas a que me sinto ligado.
Cada vez sinto que sou mal aproveitado, principalmente a nível profissional, já nem quero falar a nível pessoal, pois a esse nível a minha vida é uma desgraça pegada.

Mas o sol nasce todos os dias, mesmo que não o vejamos por causa das nuvens, e o que me faz viver é a esperança de dias melhores.
E como a Esperança é a ultima a morrer (pois mata os outros todos primeiro) …

terça-feira, novembro 9

Estamos numa época de muita sincompreensões, o que não me espanta.


Esta incapacidade de aceitar a diferença, choca-me.
Não vem que também eles são diferentes para tantos outros?
Estaremos condenados a catalogar-nos sempre uns aos outros?


A verdadeira beleza do ser humano está na sua capacidade de ser diferente do outro, e nós só podemos aprender a ser melhores, convivendo com essas diferenças, que nos tornam tanto pessoal como profissionalmente, mais adaptados. A tudo.

segunda-feira, novembro 8

Nunca repudiei um amigo pelo facto de ele pensar.

Sei que muitas vezes sou um bocado acintoso nas minhas opiniões, mas não sou fundamentalista, e mudo de opinião quando alguém me dá bons argumentos para mudar de ideias.

Um dos meus prazeres na vida é conversar, com gente interessante para mim, claro, eu gosto que me façam cócegas no cérebro. As outras dispenso, aliás nem as tenho, já cresci o que tinha a crescer…

As minhas sextas-feiras tem sido de boas conversas e muito riso, fácil, inteligente, o que me faz começar a semana ansiando pela sexta-feira. O que não é bom…

No entanto muitas vezes continuo a sentir-me um outsider em certos círculos. Sábado senti isso claramente, acho que são os meus “medos”, as minhas inseguranças.
Mas também sei que não sou uma pessoa interessante. Não sou bonito fisicamente, sou gordo, não sou especialmente dotado, nem fisicamente nem cerebralmente, não sou rico nem poderoso.
Não tenho muito para dar.
Apenas amizade e abraços fortes, e muito humor.

Mas sei que sou boa pessoa, e não preciso de nenhum deus, nem de nenhuma religião para saber que tenho de sê-lo.
Cada vez mais me agonia a maneira como as pessoas se vêm umas ás outras, os jogos de interesses, as mentiras, a cobiça, tudo o que degrada o ser humano.
Sei que sou um utópico, mas eu só quero ser feliz.

E para ser feliz precisava de ter liberdade, coisa que não tenho. Estou preso ao meu corpo, á minha situação financeira, á minha vida conjunta com o meu ex que teve um AVC.

Eu sei que há muita gente com maiores problemas que eu, mas as minhas dores sou eu que as sinto. E doem. Muito.

quarta-feira, novembro 3

A mais bela coisa da vida é precisamente a própria vida.
E a vida é feita de pessoas

Eu adoro gostar de pessoas. Todas elas me fascinam. E com todas elas aprendo alguma coisa.
Neste momento da minha vida estou a conhecer novas pessoas, a maioria muito interessantes.

Este fim-de-semana de 3 dias + 1 hora, sim Domingo mudá-mos para a hora de inverno, foi dos mais agradáveis que tive.
Sexta fui jantar com amigas minhas à Taberna Ibérica. A companhia é sempre agradável, matar saudades, por as conversas em dia. O local, embora caro, tem comida saborosa.

Sábado e Domingo estive na sede da ILGA a ajudar na Feira do Livro LGBT, que correu bem, senti-me útil e a ajudar a “nossa causa”. Apesar da chuva, muita gente veio ver e comprar.
Sábado depois da feira integrei a Brigada do Preservativo, integrado nas campanhas de luta contra o HIV/SIDA, fui com a brigada que foi aos bares da zona do Príncipe Real e á zona de prostituição de travestis do Conde Redondo.

Nos bares andei com panfletos a distribuir pelos utentes dos bares. Gente gira e simpática, alguns estrangeiros (os panfletos eram em português), mas foram raros aqueles que recusaram.
No Conde Redondo havia poucos travestis na rua, por causa da chuva, mas ainda encontrámos alguns, simpáticos quase todos, houve uma excepção, um caso de psicanálise, gente muito bem arranjada, alguma demasiado arrojada para o meu gosto, mas não eram para mim que eles lá estavam.

Domingo ainda fui depois da feira “arrastado” para um aniversário de um amigo, dos amigos, dos amigos.
Ainda bem que fui, gente divertida, sem complexos, muita gargalhada. Pena ter de me vir embora cedo. Isto de morar na margem sul e sem carro é uma “pain in the ass” ou á portuguesa UMA MERDA!

terça-feira, novembro 2

O meu pai se fosse vivo fazia hoje 69 anos.

A imagem que tenho dele é de um homem distante, que não sabia lidar com os filhos.
Nunca tive carinho de meu pai, nem ensinamentos, nem desabafos, nada…
Só se limitava a dar o dinheiro para o sustento e era ao que se resumia o seu papel de pai.

Era um homem alto, tinha 1,90 (alcunhavam-no de Cristo Rei). Profissional e participava em organizações associativas, tendo sido homenageado várias vezes pelo seu trabalho.

No entanto a relação com a família era um desastre.
Ausente para os filhos, infeliz no casamento. Com a agravante de minha mãe sempre ter “virado” os filhos contra o pai. Aos 14 anos percebi que afinal as coisas não eram como ela “pintava”, e ai começou os problemas…

Era um homem que fumava 3 maços de cigarros por dia, e bebia acima do limite.
Tal levou á ruína da sua saúde, aos 35 anos teve a sua primeira trombose (no total de 3), que o paralisou parcialmente do lado direito.
Faleceu com 48 anos no dia 30 de Dezembro de 1989.

Ao contrário da minha mãe e do meu irmão, nunca me maltratou pela minha orientação sexual, bem pelo contrário, acho que até lhe ganhei o seu respeito.

Mas este sentimento de que tendo um pai, não o tive, ficará para sempre em mim.
Ele esteve na Guerra Colonial em Angola, e nunca me falou sobre o assunto. Só vi umas fotografias dele, e a figura da sua madrinha de guerra que sempre assombrou a relação entre a minha mãe e o meu pai. Nem sei se tal personagem existia na vida dele, para a minha mãe era bem real.
Só sei das “fitas” da minha mãe e da ausência dele nos aniversários da família, no Natal, etc.

No fim acho que era um homem infeliz, sem coragem para ter mudado a sua vida, e que fez infelizes os filhos, que foram vitimas inocentes de “um erro de casting” que foi o casamento de meus pais.

Enfim, já lhe perdoei, mas não esqueci.